segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Componentes participam de Conferência de Fernando Arrabal em maio de 2011

         
         
          No dia 01 de maio de 2011 a trupe de A GANGORRA esteve em Porto Alegre no Rio Grande do Sul para participar da Conferência  “O Homem sem raízes criou asas” com Fernando Arrabal e  mediação de Wilson Coelho no 6º Festival Palco Giratório Sesc.   Estar próximo e conhecer as ideias de um dos dramaturgos mais encenados atualmente foi uma experiência motivadora para o grupo A Gangorra que está em fase de ensaio de um de seus textos: Fando e Lis. Esse texto é uma obra maravilhosa e perturbadora e que já rendeu diversas e acaloradas discussões no grupo. Os dois personagens, Fando e Lis, vão em direção a Tar acreditando que aí encontrarão a felicidade. Nesse percurso encontram os enigmáticos homens do guarda-chuva: Namur, Mitaro e Toso. Assim como Fando e Lis somos peregrinos, órfãos e sem abrigo, «sem deus nem senhor», vagueamos perdidos pela estrada que leva a Tar, acreditando que aí encontraremos finalmente a felicidade  – que é o mesmo que dizer: a revolução que libertará das dores, amarras e violência. Mas voltam sempre ao mesmo descampado deserto, sem sequer a consciência de que o que nos afasta de Tar não é uma distância geográfica, mas as dores, amarras e violência que carregamos conosco. Não somos nem bons nem maus: apenas muito humanamente inconscientes de nós, dos outros e do mundo, adultos-meninos desenraizados e entregues a uma doce irresponsabilidade, subjugados pela obscuridade das pulsões, dos recalcamentos, dos silêncios e do ruído que não nos deixa ouvir o coração. Custa-nos a peregrinação para Tar – e talvez até desistíssemos dela, não fosse um vago vislumbre que nos guia, sussurrando: «Não desistas, estás sempre à beira de lá chegar.» E nunca lá chegamos, porque, estando lá, achamos que Tar é sempre mais além, naquele lugar inalcançável onde só sabemos que corre um rio e tudo é possível. São sentimentos que encenados, como obra de arte, também expõem os nossos sentimentos que são tão contemporâneos a todos nós.