“Todos nós nascemos do Capote de
Gógol” – Dostoiéveski
ESTRÉIA: Dias 16 e 17 de julho de 2016
HORÁRIO: Dia 16 ás 20h e dia 17 às 19h
LOCAL: Teatro Pedro Parenti da Casa da Cultura Percy Vargas de Abreu e Lima
ENDEREÇO: Rua Dr. Montaury, 1333
DURAÇÃO: 2 horas (intervalo de 10min)
INGRESSO: Integral R$ 20,00 / Estudante, Sênior e Classe Artística R$ 10,00
ENREDO
No lancinante inverno de São
Petersburgo, se passa a história de Akáki Akákievitch, um humilde funcionário
público com a função de copiar documentos. Pobre e solitário é alvo de
humilhações dos colegas. Todo dia leva trabalho para casa e não se cansa de
fazer o que faz. Na verdade, sente prazer nisso tendo até algumas letras
favoritas. Seu capote, já velho e todo remendado é dado como sem conserto pelo
alfaiate, que até então, fazia milagres para cobrir os furos. Akáki é
convencido a comprar um novo. Os meses de privações para economizar o dinheiro
e o processo da confecção do novo capote transformam-se em um grande
acontecimento na vida de Bachmátchkin, talvez o mais importante de toda a sua
vida.
A MONTAGEM
Percebemos já nas
primeiras leituras, em meados de agosto de 2013, que o conto O Capote e a sua releitura
para o formato teatral possui um alto poder poético, absurdo, questionador e
encantador. Sensibilizados pelo enredo iniciamos a trajetória de ensaios com
improvisações, pesquisas, discussões e imaginação! As ideias que eram
recorrentes, por terem sua força própria, foram sendo aceitas como cenas e
assim registradas em vídeo. Nascia o texto dramático pelas mãos habilidosas do
escritor Tiago André Vargas que acompanhava todo o processo. Por sua vez, de
nota em nota, compasso a compasso a melodia criada por Daian Gobbi dava mais
beleza às cenas.
E assim sucederam-se uma a uma as estações do frio, da chuva, do
perfume, das flores, do calor, do sol, dos ventos e dos ensaios. Ora cômicas, ora dramáticas, poéticas ou
densas, silenciosas, agitadas, as cenas do mundo de Akáki Akákievitch iam
ganhando vida. Numa atmosfera de sonho e pesadelo a encenação dramatiza não
apenas o objetivo, mas dá espaço ao subjetivo – lugar simbólico onde percebemos
as pulsações, ruídos, melodias e silêncios da alma e do coração.
Nosso protagonista, tomado não como indivíduo autônomo e sujeito de suas
próprias escolhas, mas restringindo-se a um mínimo eu, a um núcleo apenas
mínimo de psiquismo que garanta tão só a sobrevivência diária, ganhou o palco.
A repetição silábica de seu nome é a tradução da própria gagueira, da ausência
de articulação e da falta de linguagem estruturada. Como se não bastasse o
nome, acrescentasse-lhe ainda o sobrenome Bachmátchkin, que significa sapato,
algo para ser pisado. Dessa maneira, a fatalidade que acomete a personagem
obedece a um determinismo de tipo mítico, pois, como afirma o narrador da
história, "tudo aconteceu por absoluta necessidade e outro nome seria
inteiramente impossível."
Um espetáculo desafiador. Os atores se metamorfoseiam em diversas
personagens; muitas trocas de figurino, cenário, sonoplastia e iluminação. Esperamos alcançar vossos corações e
desejamos um emocionante e reflexivo espetáculo. Sejam sempre bem-vindos à A
Gangorra!
O AUTOR NIKOLAI GÓGOL
Ousada tarefa a
de enquadrar Gógol a um grupo literário, uma vez que sua obra transcende
qualquer moldura. Ao longo dos séculos
essa tem sido uma das discussões dos críticos. Com efeito,
Gógol, diferente de outros grandes escritores do século 19 russo, não formou
nenhuma escola ou plêiade de seguidores diretos. Com textos irônicos e
alternância frequente de estilos, distancia e aproxima o real e o fantasioso,
construindo uma narrativa que transita pelo absurdo e realidade. A comicidade,
escárnio, riso e zombaria de sua obra, diz o semioticista russo Mikhail
Bakhtin, tem base na cultura popular, na praça e feiras públicas. Seus
personagens grotescos e patéticos ridicularizam a Rússia czarista e se estão
numa situação absurda é porque o mundo em que vivem é absurdo, afirmou o
escritor russo Vladimir Nabokov. Se seus personagens são tão caricatos,
manequins tragicômicos, apontam seus biógrafos, é porque Gogól apenas conhecia
um lado da vida pois tinha grande dificuldade de construir relacionamentos
afetivos e amorosos.
Gógol nasceu em 1º de abril de 1809
(calendário gregoriano) em Sorotchintsy, província de Poltava, atual Ucrânia. A
infância do futuro escritor e dramaturgo transcorreu numa atmosfera mesclada de
arte e misticismo. Sua mãe possuía grande fervor religioso; seu pai, um
funcionário aposentado e pequeno proprietário de terras, era apaixonado por
literatura e teatro. A contradição entre desejo e moral o acompanharam durante
toda vida. Em 1829, mudou-se para São Petersburgo, capital do império. Com
recursos financeiros irregulares Gógol teve uma malsucedida carreira em
repartições públicas, de professor adjunto de História e como ator. Tinha uma
inigualável habilidade para ler em voz alta os próprios textos. Tomou como tema
de suas obras o povo e as tradições rurais de onde nasceu. Ainda em 1836, o
escritor viajou pela Suíça, França e Itália. Em Paris, recebeu a notícia da
morte do poeta e amigo Aleksander Púchkin, fato que o deixou profundamente
abalado. No início de 1852 adoeceu gravemente, sofrendo constantes delírios num
processo autodestrutivo que o levou a morte aos 43 anos. O Capote e
Almas Mortas são obras consideradas pilares do realismo russo do século 19.
Outros textos famosos são O Nariz, O Inspetor Geral, Diário de um Louco, O Retrato.
GRUPO DE TEATRO A GANGORRA
Desde 2010, A Gangorra firma-se no
cenário caxiense com produções que promovem uma arte questionadora, sensível e
humana transcendendo o entretenimento. O grupo busca desenvolver um teatro aliando
rigor, treinamento, pesquisa e novas linguagens.
A partir da nossa formação
comemoramos de forma autônoma o Dia Internacional do Teatro com apresentações
em praça pública ou nas ruas da cidade: A Gangorra Teatral (2011), Os Pintores
- tudo o que você queria saber sobre
política cultural e nunca teve coragem de perguntar (2012), A Festa de
Aniversário (2013), Oito personagens à procura de autor (2014), O Mito de
Dionísio (2015), Cerimonial – Para um teatro que pulsa (2016). Em palco
italiano realizamos a montagem de Fando e Lis – Amanhã Seremos Felizes (2012),
do aclamado Fernando Arrabal. Esse espetáculo circulou pelas cidades do Estado do
Rio Grande do Sul: Porto Alegre, Santa Maria e Vacaria. A sua montagem e circulação
foram financiadas pelo Financiarte da Prefeitura Municipal de Caxias do Sul/RS.
FICHA TÉCNICA
Autor do conto Nikolai Gógol
Autor do texto dramático Tiago André Vargas
Criação da dramaturgia Grupo de Teatro A Gangorra
Direção Miguel Beltrami
Atores Alexsander Carniel, Charlene Uez, Guilherme Nogueira, Mauro Copetti, Miguel Beltrami, Rodrigo Busnello e Vanessa Andreolla
Cenografia, Figurinos e Sonoplastia Miguel Beltrami
Trilha Sonora Original e Acordeon Daian Gobbi
Piano Luiz Felipe Dal Zotto
Gravação da trilha sonora original Estúdio SONA – O som das ideias
Técnico de gravação da trilha sonora original Rodrigo Marcon
Treinamento vocal Cláudio Gilmar da Silva
Maquiagem Grupo de Teatro A Gangorra
Operação de som Márcio Boff
Operação de luz Mariana De Mozzi
Fotografias Diego De Antoni Cardoso
Design Gráfico Miguel Beltrami
Produção Grupo de Teatro A Gangorra
Gravação dos textos em off Joel Vianna Estúdio
Confecção dos figurinos Sílvia Cioato e Eva Cioato
Marceneiro do cenário Ivo Bertoldo
Marceneiro dos objetos Januário Gomes Casuni
Serralheiro Frighetto Serralheria – Daniel Frighetto e Paulo Gemelli
Produção e ajustes cenográficos Grupo de Teatro A Gangorra
Corte a laser da cortina Tech Laser
Mídia Impressa Lorigraf
Agradecimentos
Aos Familiares, Jane Collet, Associação
Espírita Estrela do Amanhã, Rafael Gedoz, Tiago André Vargas, Daian Gobbi,
Fernando Fantinel, Márcio Boff, Mariana De Mozzi, Luciana Stello, Sesc Caxias
do Sul, Olga Sergueevna Tairova, Stanislav Tairov, Diego De Antoni Cardoso, Januário
Gomes Casuni, Suzian Fulcher, Cecília e Oly Beltrami, Bertila Ione e
funcionários do Teatro Municipal, Andrigo Mossi, Milena Sartori, Unidade de
Teatro, Imprensa.
Grupo de Teatro A Gangorra
@gteatroagangorra
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